Max Gehringer
Num processo de seleção, a última pergunta que o gerente me fez foi: “Qual é o seu diferencial?”. Respondi que tinha muita experiência e formação mais do que adequada para a vaga. Creio que essa não era a resposta que ele estava esperando, porque não consegui o emprego. O que eu deveria ter respondido?
Há várias respostas satisfatórias, mas a eficácia de cada uma delas depende do estilo do gerente. Ele pode ser liberal ou conservador, centralizador ou delegante, voltado mais para os processos ou mais para as pessoas. A melhor resposta é aquela que não vai desagradar ao gerente, qualquer que seja o estilo dele. Mas vamos supor que você não conheça o gerente e ele, durante a entrevista, não tenha dado nenhuma pista sobre o estilo dele. Nesse caso, a resposta mais apropriada seria: “Eu sou maleável. Nunca tive problemas com meus superiores porque sou capaz de me adaptar rapidamente a qualquer situação”. Para quem responde, isso pode parecer inócuo. Mas, para um futuro chefe que está ouvindo, a certeza de que terá um subordinado que vai apoiá-lo incondicionalmente é um tremendo diferencial.
Estou pensando em enviar currículos para empresas de meu setor de atuação, mas desconfio que exista algum grau de comunicação entre essas empresas e a minha. O que pode acontecer caso meu chefe descubra que estou querendo sair?
Uma de duas coisas: ou ele começará a procurar seu substituto, sem você saber, ou então ele vai convidá-lo a explicar a situação. Aí, você precisará ter uma resposta prontinha. Se está mandando currículos, você sabe exatamente por que os está mandando. Ou está descontente com o salário, ou com o ambiente, ou com a falta de perspectivas. Ao ser questionado, você tanto pode revelar o que realmente o aflige, ou explicar que, “veja bem, estou mandando currículos só para sentir o mercado”. Como ninguém vai acreditar na segunda hipótese, o melhor seria você inverter a situação. Fale antes com seu chefe. Exponha o que você está sentindo em relação a sua situação profissional e pergunte se existe algum plano para você. Se a resposta dele for negativa ou evasiva, aí você terá um motivo sólido para disparar currículos. Porque, no fim das contas, você não quer ficar, e seu chefe não demonstrou interesse em reter você.
Minha empresa prega a inovação e o espírito criativo, mas o que eu vejo em meu dia a dia é a velha rotina de sempre.
Empresas fortemente voltadas para a inovação buscam no mercado pessoas criativas, como deve ser seu caso. Mas elas não esperam que cada empregado tenha uma ideia genial por dia. O que elas procuram é gente capaz de olhar para as coisas simples e rotineiras e sugerir pequenas mudanças para aperfeiçoar os processos. Ao longo do tempo, essas mudanças contínuas, quase imperceptíveis no dia a dia, farão diferença diante dos concorrentes que se limitam a copiar as ideias alheias. A criatividade sempre estará na soma das pequenas contribuições de todos os empregados, e não em um eventual estalo de um profissional superdotado.
Fonte: Revista Época
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