A corrida para excelência não tem linha de chegada.
David Rye

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Economia aquecida reduz fraudes no mercado de seguros

Data: 09.08.2011 - Fonte: CQCS | Jorge Clapp


Pesquisa realizada pelo Ibope, por encomenda da Confederação Nacional de Seguros (CNSeg), indica que o índice geral de propensão à fraude contra seguros no Brasil caiu de 41% para 24% nos últimos seis anos. Segundo o economista Lauro Faria, que participou do evento realizado pela confederação na manhã desta terça-feira (09), para apresentar os resultados da pesquisa, essa constatação já era esperada. “O aquecimento da economia traz sempre impactos positivos nessa questão da fraude”, comentou.


O consultor Antonio Penteado Mendonça, também presente no evento, corroborou a tese. “A fraude é maior quando há a necessidade financeira. E é bom lembrar que essa não é uma particularidade do Brasil. A fraude existe e preocupa o mundo inteiro”, salientou.


No Seminário de Prevenção e Combate à Fraude contra o Seguro no Brasil, o superintendente-geral da Central de Serviços e Proteção ao Seguro (Ceser) da CNseg, Julio Avellar, explicou que foi feito em dois momentos (2004 e 2010) um amplo levantamento que indica a propensão do consumidor brasileiro às fraudes em seguros. “A proposta desse seminário é produzir uma ampla discussão, com a participação de representantes dos mercados segurador e financeiro, sociedade civil e academia para analisar esses dados”, frisou Julio Avellar.


De acordo com o levantamento encomendado ao Ibope, o índice “não fraudaria o seguro de forma alguma” subiu de 55% em 2004 para 73% em 2010. Já o percentual de entrevistados que considerava fácil fraudar o seguro caiu 12 pontos em relação à primeira pesquisa, de 37% em 2004 para 25% em 2010.


Na qualitativa, os segurados entendem que deve ter ocorrido um aumento das fraudes em seguros nos últimos anos. Apesar disso, há a percepção de que atualmente as empresas do setor utilizam processos e instrumentos mais sofisticados para a detecção e combate à fraude nos seguros.


A pesquisa qualitativa foi aplicada com 12 grupos de discussão, entre 22 e 29 de novembro de 2010, no Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Goiânia e Porto Alegre. O levantamento quantitativo foi feito de 7 a 23 de dezembro de 2010 e aplicou 2004 entrevistas. A margem de erro da pesquisa é de 2% e o intervalo de confiança, 95%.


“A pesquisa chegou a algumas conclusões: há desconhecimento em relação às punições, a facilidade e a impunidade são fatores de motivação, 4 em cada 10 segurados mostram-se propensos às fraudes e os mais propensos à fraude são os jovens”, resumiu Avellar.


Na pesquisa qualitativa, a percepção é de que as fraudes acontecem em todas as esferas sociais. Mas predomina a ideia de que há maior concentração de fraudes entre pessoas de classes mais altas – maior conhecimento e poder de articulação e menor temor quanto às possíveis punições.


Para os entrevistados, pessoas com menor poder aquisitivo têm a dignidade como seu principal patrimônio, são mais temerosas quanto às punições e só se arriscariam em caso de extremo desespero. Esse perfil é confirmado na quantitativa.


De acordo com 61% dos entrevistados, todos os clientes são prejudicados pelas fraudes em seguros; 20% apontaram a seguradora como a maior prejudicada; e para 14%, ambos – a sociedade e a seguradora – são prejudicados. Apenas 1% apontou que nenhum é prejudicado.


Para 43% dos entrevistados, os prejuízos são repassados integralmente aos clientes, através do aumento dos preços dos seguros; para 39%, os custos são absorvidos em parte pelas seguradoras, e repassados em parte aos clientes, através do aumento dos preços; e 6% disseram que os prejuízos são absorvidos totalmente pelas seguradoras.


Além disso, 52% dos entrevistados afirmaram que denunciariam a fraude contra o seguro caso ficassem sabendo; 36% disseram que não denunciariam caso ficassem sabendo; e apenas 1% disse que já denunciou.


Além dessa pesquisa, a CNseg anunciou os resultados do levantamento de Quantificação da Fraude em Seguros, que apontou o impacto da fraude para o mercado segurador e para a economia brasileira.


O diagnóstico abrangeu todos os segmentos de seguro – com exceção de Saúde, Previdência Complementar Aberta e Capitalização – e 53 seguradoras, que representam 86% do total de prêmio ganho (líquido, livre de despesas) pelo mercado de seguros em 2010. A pesquisa apontou que os sinistros com suspeita de fraude somaram cerca de R$ R$ 1,9 bilhão, o que representa 9,1% do valor total dos sinistros do universo pesquisado (R$ 20,9 bilhões).


Fraudes detectadas somaram cerca de R$ 370 milhões e as comprovadas, R$ 290 milhões, representando respectivamente 1,8% e 1,4% do valor total de sinistros (R$ 20,9 bilhões). “As fraudes impactam diretamente no bolso dos segurados. Ou seja, a fraude contamina o preço do seguro e a atuar na redução das fraudes é agir em favor do segurado”, afirma Avellar.


Além de Júlio Avellar, Lauro Faria e Antonio Penteado Mendonça, participaram do seminário o superintendente da Ceser, Renato Pita; o gerente de Proteção ao Seguro da CNseg, Leonardo Girão; o diretor-executivo da Fundação Casa de Rui Barbosa, Hélio Portocarrero; o diretor de Auditoria e Compliance da SulAmerica, Emil Andery; o vice-presidente da Fenacor, Joaquim Mendanha; o gerente de Contas Estratégicas da Boa Vista Serviços, Márcio Benoni; o diretor da SERASA/Experian, Alexandre Gazzani; o coordenador do Disque-Denúncia do Rio, Zeca Borges; e o superintendente do Instituto São Paulo contra a Violência, José Roberto Bellintani, entre outros.


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