A corrida para excelência não tem linha de chegada.
David Rye

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Sustentabilidade na prática: a forma inteligente de fazer negócios

O painel “Transformando os princípios em prática”, que integrou a programação de hoje (19/06) da 48ª edição do Seminário da Internacional Insurance Society (ISS), contou com alguns dos executivos mais engajados do setor, em nível global, quanto às questões ambientais, sociais e de governança.


A executiva da Insurance Australian, Nola Watson, defendeu que é preciso uma conexão mais tangível entre temas sociais e ambientais nos negócios, contando como começou o projeto de elaboração dos princípios de sustentabilidade em seguros. Nesse sentido, a companhia adotou, desde meados dos anos 2000, iniciativas positivas, firmando parcerias com várias instituições para por em prática a gestão de riscos nas comunidades.


“Em 2006, criamos um grupo de trabalho em parceria com a francesa AXA para estimular a consciência sobre sustentabilidade, promover as melhores ações e enfatizar o papel das seguradoras como impulsionadoras da economia verde”, declara Nola.


Ela lembrou que, desde o início, o objetivo não era apontar soluções simples, mas compartilhar ações de natureza prática, de modo que a Insurance Australian continuou envolvida na questão. “Temos muito prazer em sermos um dos signatários dos princípios, mantendo o foco na gestão de riscos com foco em sustentabilidade”.


Governança em alta


O representante da AXA, Jean Christophe, reforçou que os princípios decorrem de um longo processo, mobilizando dezenas de corporações. “A AXA ajudou a formar o primeiro grupo de trabalho com a Insurance Australian. O objetivo sempre foi demonstrar como desenvolver uma sociedade mais sustentável, pois a nossa cultura organizacional já estava alinhada com esses princípios”.


Foi assim que o primeiro relatório, publicado em 2007, transformou-se no arcabouço de todo o processo. Em 2008, o grupo, liderado por australianos e holandeses, resolver fazer uma pesquisa global para saber como a governança poderia contribuir no avanço do projeto. Em 2009, o levantamento envolveu empresas de mais de 50 países, apontando os desafios, soluções e oportunidades, além de delinear as conclusões que começaram a criar a base dos princípios.


“Ficou claro que era necessário uma abordagem coletiva para enfrentar o problema em todos os níveis. O diagnóstico, que deu origem aos princípios de sustentabilidade em seguros da IIS, confirmam como nossa indústria pode ser o ponto de partida para futuras iniciativas. Por atuar em gestão de risco, acredito que é uma forma inteligente de fazer administração de nossos negócios”.


Marco histórico


O representante da Munich Re, Ludger Arnoldussen, fez questão de definir o momento como um marco histórico. “Trata-se de uma contribuição memorável para criar uma economia global sustentável. Com a implementação dos princípios, estamos na vanguarda , m virtude do crescente impacto das mudanças climáticas e demográficas. Ou seja, percorreremos o caminho certo para utilização de novas fontes de energia e soluções inovadoras em favor da inclusão social”, avalia.


O executivo apontou que a Munich Re assumiu a presidência do grupo de trabalho de elaboração dos princípios em 2010. Desde então, a resseguradora acompanhou de perto o modelo de consultas com líderes do setor de seguros, de maneira que as reuniões e debates contemplaram todos os continentes e regiões, visando obter um aporte global para a conclusão do projeto.


“A Muniche Re envolveu-se profundamente na discussão porque o ambiente de negócios vive em constante mudança e o leque de especialistas da companhia tem expertise para contribuir decisivamente na questão”, afirma Arnoldussen.


“A companhia tem uma longa tradição no lançamento de produtos sustentáveis em alinhamento com o debate público. Os princípios são diretrizes globais que possibilitam uma abordagem coerente para a governança corporativa. Agora precisamos continuar a jornada da mesma forma e com igual intensidade. Espero que todos os signatários continuem motivados para implementação dos princípios”, prossegue.


Casa em ordem


O executivo da neozelandesa Sovereign, Charles Anderson, apontou que a alta freqüência dos eventos catastróficos ocorre em paralelo com uma sociedade cada vez mais frustrada com a atuação das empresas de serviços financeiros, por causa de um baixo nível de confiança. “Por isso, a sustentabilidade deve ser abordada como ponto estratégico dos negócios”.


O especialista relatou que na Nova Zelândia os reguladores pedem, por exemplo, para constituir reservas destinadas a cobrir pandemias. “Como podemos entender o cenário e mitigar os riscos e impactos? Em primeiro lugar, devemos por a nossa casa em ordem, tanto que a compensação de carbono faz parte da cultura da Sovereign e estamos comprometidos com nossa cadeia produtiva para diminuir a pegada ambiental”.


Anderson ainda ressaltou que os princípios elegeram a inovação com um dos pontos cruciais. “Os clientes querem saber se seus prêmios estão sendo investidos de forma positiva. É importante fazer isso de forma eficiente e precisamos da colaboração de todos”.


Pioneirismo


O executivo da Bradesco Seguros e Previdência, Eugenio Velasques, abordou o pioneirismo do Grupo Bradesco. “Foi a primeira companhia a adotar ações que, décadas à frente, obedecem aos princípios atuais. Tanto que, em 1957, a Fundação Bradesco foi criada. Hoje, a instituição fornece educação básica e média para 100 mil alunos em quase todo o país”.


Velasques destacou também que a Bradesco Seguros foi a primeira do mercado a lançar produtos populares, além de promover pesquisas e eventos sobre assuntos relacionados à sustentabilidade. “Outro grande compromisso é com a longevidade, além de promover educação financeira e qualidade de vida. Trabalhamos com os órgãos reguladores e com todos os públicos de interesse. A novidade é incluir os temas de meio ambiente, ou seja, como lidar com os riscos de desastres naturais, a partir de agora”.


Por sua vez, o diretor Executivo da Itaú Seguros, Osvaldo Nascimento, argumentou que é preciso agregar valor de maneira mais ampla que apenas pagar sinistros. “Temos um compromisso social e, portanto, é preciso comunicar os princípios para o publico interno e externo. Contamos com um quadro de mais de 100 mil funcionários e temos a expectativa de alcançar excelentes resultados, melhorando nossa comunicação com a sociedade, interagindo com nossos mais de 60 mil corretores e visando educar por meio do efeito multiplicador”.


Entre outros exemplos, o executivo contou que a Itaú Seguros desenvolveu um programa para simplificar todos os contratos. “Eliminando boa parte do papel utilizado, contribuímos para o meio ambiente, além de adotar uma linguagem mais fácil para comunicar o desenho dos produtos, além de ajustar a redação para que o cliente saiba o que está comprando”, conclui.


Data: 19.06.2012 - Fonte: CQCS | Pedro Duarte

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