A corrida para excelência não tem linha de chegada.
David Rye

domingo, 18 de setembro de 2011

Catástrofes naturais mobilizam mercado de seguros

O primeiro semestre de 2011 fechou com um saldo atípico de catástrofes naturais no país, resultando em grandes prejuízos e alto volume de indenizações para as seguradoras. Somente no começo deste ano, os riscos de inundações apurados pela Swiss Re totalizaram perdas de US$ 1,2 bilhão, valor previsto para todo o ano, em decorrência apenas das chuvas fortes que castigaram principalmente o Rio de Janeiro, além de São Paulo e Minas Gerais.


No final de janeiro, na região serrana do Rio de Janeiro, os danos totalizaram R$ 614 milhões, de acordo com o levantamento apresentado em junho pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ). Foram contabilizadas perdas nos municípios de Teresópolis, Bom Jardim, Areal, Sumidoro, São José do Vale do Rio Preto e Petrópolis.


Em Minas Gerais, as chuvas devastaram cerca de 130 cidades, sendo que 84 decretaram situação de emergência, de acordo com relatório da Defesa Civil Estadual. Essas regiões tiveram estragos estimados em R$ 250 milhões pelo governo do estado.


Já na cidade de São Paulo, as perdas causadas pelo excesso de chuvas somam R$ 3,4 bilhões por mês às empresas, por conta da ausência ou atraso dos funcionários, segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), junto a 478 empresas na grande São Paulo.


Se a temporada de catástrofes naturais perdurar no segundo semestre deste ano, o setor de seguros terá que arcar com indenizações estratosféricas, em nível global. Contudo, segundo o presidente da Allianz Risk Transfer, John Arpel, “a tendência dos fenômenos é aumentar, mas o mercado possui saídas para repor saldo de perdas”.

Nada de novo


O coordenador do Núcleo de Pesquisas de Rede da Unicamp, Ricardo Ojima, opina que a forma como a população produz, consome e ajusta os conceitos demográficos interferem nas mudanças climáticas globais.


Ojima alerta que as constantes catástrofes, como o terremoto que devastou a costa japonesa, assim como as enchentes no início do ano na região serrana do Rio de Janeiro, não representam eventos anormais.


“Não há nada de novo nas mudanças ambientais, o que temos é uma situação de vulnerabilidade social pré-existente. A diferença de antes para agora são onde as pessoas estão concentradas, associadas ao modo de consumo, tornam os fenômenos mais graves”, explica.


O especialista aponta caminhos para lidar com os eventos catastróficos, a prevenção e adoção de novos hábitos pela sociedade. “Não devemos nos adaptar aos problemas que já existem. Precisamos ser pró-ativos e antecipar para achar medidas adaptativas”.


Comportamento decisivo


Nesse contexto, o coordenador apontou que o comportamento humano será decisivo. “Nosso ritmo de consumo é que vai fazer a diferença no futuro da sustentabilidade, além de mudanças no modelo etário da população, diretamente atrelado à quantidade de emissões poluentes”, declara.


De acordo com Ojima, o crescimento populacional tende a se estabilizar ou decrescer até 2100, e que a “explosão demográfica” do início do século XX, “constitui em um fato isolado, não deve se manter e nem repetir”, afirma. “Desta forma, o impacto dos desastres sob o globo seriam minimizados”, conclui.


Fazendo um balanço da situação, o diretor de Grandes Riscos da Allianz Seguros, Angelo Colombo, tranquiliza o setor, afirmando que, apesar das catástrofes deste ano, as companhias seguradoras brasileiras são muito bem estruturadas e têm capacidade de enfrentar os desafios decorrentes das mudanças climáticas.


“Só para citar como exemplo, o mercado é super regulamentado. Para uma resseguradora estrangeira entrar no Brasil como local, precisa depositar R$ 60 milhões. Já um banco de investimentos necessita de R$ 16 milhões de capital mínimo”, diz Colombo.

Data: 16.09.2011 - Fonte: CQCS | Camila Barreto

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